14/11/2015

a face do espelho que me viu

link

percorro a rua
trapeio por minhas pernas
o soluço do choro vem doendo
com lágrimas que selam o chão
respiração rápida

ao desespero me entreguei
de mãos ásperas e quentes

correr
correr
correr

olhos me perseguem
se arregalam e me perguntam
"que diabos está acontecendo?"
sem aguentar as pernas
caio, esmorecida ao chão paralelepipedal
ajuda-me

fingem

ninguém vem
ninguém vê

desato em minha sombra o ardor
dum vento frio
enche-me de escasso amor

me roubaram a felicidade
me deixaram aos trapos
roubaram meu sorriso
quem liga?

eu sou responsável por estancar minha própria ferida
o sangue cruza as mãos
rosto sem traço reflete

devagar, as pessoas desaparecem
eu faço elas sumirem

Nesse tempo
vazia se tornou a rua

então
eu continuo correndo para lugar nenhum
para minha utopia 

Nenhum comentário

Postar um comentário