23/11/2016

Dei-me um minuto


Foto: Alex Currie

Eu sou a menina sorridente, a menina que faz todos rirem. E olhe agora, sentada na cama, engolindo lágrimas e suplicando ao mundo uma gota de paz. Derramando um oceano no seu travesseiro, mergulhando em maré alta no seu barco pequeno. Pensamentos, os mesmos sonhos mortos, mesmos momentos esquecidos, mesmas vontades sem ponto de partida, sou carne, osso e dúvidas; lamento os amores que não senti, as oportunidades que perdi, a vida que esqueci. Dei-me um minuto, quero ficar aqui.

A noite é silenciosa e calma, não posso espanta-los com meus soluços, ninguém deve saber do que tenho por dentro. Todos aqui são como robôs, todos possuem máquinas em seus corações e óleo nas suas veias. É proibido sentir e agir, o círculo gira e não é fácil sair. Você é considerado louco.

No meu quarto, deixo a porta aberta, quem sabe a ideia de poder fugir desses pensamentos em quatro paredes seja uma boa. Pedalo, corro, pulo, esmurro, socorro!

Em 19 anos, ontem foi o dia em que tive a certeza que minha mente não está em boa condição. Não consigo achar saídas, meu Deus! Eu não estou onde devia estar. Passo meus dias como eternas chances de dar certo, mas não saio do lugar, pareço hamister girando em sua roda e trancado em sua gaiola. Peço socorro e ninguém ouve, estou sozinha a muito tempo.

Felicidades não me caceiam
são ilusões, minha cara.

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