19/12/2016

tóxico


eu corro para as águas
despejando-me em seu rio
os tambores ainda fazem barulho
engulo doses de lebranças e vomito depois
não me ponha em seu coração
tóxico, suspira para dentro da carne

despejando-me em seu rio
despejando-me em seu rio
sufoca-me em seus abraços

eu desejo uma noite de silêncio
correndo pelas árvores
a pele dos infames esta em minhas mãos
ouça o som dos avisos
adagas, espadas cravadas em peitos solitários
o frio corrói a espinha
mas o espirito grita por dentro

despejando-me em seu rio
despejando-me em seu rio

06/12/2016

Devaneios e alheios



Esse mês tem sido difícil, muito difícil. Lidar com os meus monstros mentais nunca é leve ou simples, tento esquivar de alguma forma, mas nunca consigo. Nesses dias fazer um chá de hortelã e ouvir uma música não está fazendo nenhum efeito, nem respirar fundo, muito menos citar o alfabeto em voz alta. NADA. Me sinto encurralada, presa, inválida, uma inútil. Talvez seja pelo fato de ter perdido meu emprego, todos falam que é isso e logo me chegam com: Ah! a crise é assim mesmo, mas procure mais e irá achar. Eles não sabem a ânsia que sinto.

Hoje é mais um dia ruim. Acordei tarde e assisti TV. Depois de andar inúmeras vezes pela casa fazendo círculos decido ocupar minha mente com um livro. Leio, leio e leio. Livro fascinante, Rachel me desperta pena e curiosidade ao mesmo tempo, uma alcoólatra trocada pela amante que agora está envolvida em um desaparecimento. Eu penso em fazer um livro e desisto da ideia por motivos idiotas impostos por uma mente impaciente e insegura.

Enquanto o quarto ficava cada vez mais fechado e a vontade de sufocar no travesseiro aumentava, resolvi num impulso mudar aquilo tudo. A vontade vem de dentro, nem sei de onde surgiu, em um piscar de olhos estava eu tomando banho ouvindo uma playlist anos 80. Sinceramente, eu não sei descrever o que aconteceu. Me vesti rápido short jeans, blusa sem manga e uma bolsa simples. Tranquei a casa e de repente estava do lado de fora. Tudo assustador, meu coração acelerou.

Não consigo andar devagar, parece que sempre estou atrasada ou correndo de alguma coisa, quem sabe dos burburinhos da própria mente. Alguém desconhecido anda ao meu lado e ai mesmo que começo a acelerar o passo. Acho que ele me acha louca. Eu sou.

A rua barulhenta, carros, motos, risos altos e crianças correndo. Nas vitrines as roupas do final de ano brilham e chamam a atenção, resolvi buscar algo. Vou a uma lojinha perto de casa, não queria andar muito. Comecei a discorrer sobre várias coisas que não me recordo o que eram, o mundo quem sabe, mas é incrível nossos pensamentos falando no alto de nossa cabeça. Meus monstros murmuravam tanto que não ouvia as pessoas direito, me perco em algo que desconheço. Será que todos tem esses "problemas mentais"? Olho para os rostos em minha volta, no automático. Eles vivem em um mundo diferente como eu ou eles só estão vivendo? Só indo com o vento. Eu queria poder fazer isso, eu me acho egoísta por querer mais. Eu sou? Querer viver algo que me deixe feliz e satisfeita.

Se quiser ser feliz, independente de onde esteja, seja. Quem sabe os robôs no piloto automático são mais felizes que eu, lógico. Parar de pensar ou se perguntar e apenas ir. É!! Positivo, positivo, pense positivo! Esqueça os que estão fodidos por aí, esqueça o mundo, esqueça os questionamentos. 

Não posso. Devo parar de enfrentar minha mente como um monstro e começar a aceitar seus questionamentos e sua solidão. "Só viver" é tão triste quanto isso. Eu vejo o mundo com outros olhos, olhos famintos por algo mágico que a maioria não pode ver. Poeta? Eu diria que não. Juliane, deixe disso, sente-se e tome um café quente. Deixe estar, vai melhorar. E eu volto para os meus monstros. 

26/11/2016

noites sem sono e sem vida no 25



eu não sei mas o que sou
não sei onde estou
escuro,
uma completa desorientada

sufocando
ar
ar
por favor!

devo começar tudo de novo?

fugir do mundo?
fugir daqui?
ir pra outro rumo?
pra outro sopro?

olha, olha, eu não aguento mais...


23/11/2016

Dei-me um minuto


Foto: Alex Currie

Eu sou a menina sorridente, a menina que faz todos rirem. E olhe agora, sentada na cama, engolindo lágrimas e suplicando ao mundo uma gota de paz. Derramando um oceano no seu travesseiro, mergulhando em maré alta no seu barco pequeno. Pensamentos, os mesmos sonhos mortos, mesmos momentos esquecidos, mesmas vontades sem ponto de partida, sou carne, osso e dúvidas; lamento os amores que não senti, as oportunidades que perdi, a vida que esqueci. Dei-me um minuto, quero ficar aqui.

A noite é silenciosa e calma, não posso espanta-los com meus soluços, ninguém deve saber do que tenho por dentro. Todos aqui são como robôs, todos possuem máquinas em seus corações e óleo nas suas veias. É proibido sentir e agir, o círculo gira e não é fácil sair. Você é considerado louco.

No meu quarto, deixo a porta aberta, quem sabe a ideia de poder fugir desses pensamentos em quatro paredes seja uma boa. Pedalo, corro, pulo, esmurro, socorro!

Em 19 anos, ontem foi o dia em que tive a certeza que minha mente não está em boa condição. Não consigo achar saídas, meu Deus! Eu não estou onde devia estar. Passo meus dias como eternas chances de dar certo, mas não saio do lugar, pareço hamister girando em sua roda e trancado em sua gaiola. Peço socorro e ninguém ouve, estou sozinha a muito tempo.

Felicidades não me caceiam
são ilusões, minha cara.

22/11/2016

coisas noturnas

Eu sei que posso muito mais. Então, porque eu não consigo sair do lugar? Não, eu não sei a resposta. Admiro o céu brilhante, eu amo a sensação que as pessoas me passam. Estou feliz, mas não me sinto satisfeita. Eu não estou onde deveria estar.

15/11/2016

Mais um dia | Rua Chagas, 139


ela acorda e enxerga a luz na janela
as memórias da noite passada
a cabeça pesada
e o coração afundado em desespero
incolor foram os sonhos
preto e branco
dolor

na fotografia na mesa seu rosto sorri
seus olhos são galáxias
mas quando volta com os pés no chão
a tristeza lhe oferece abrigo
e nunca mais saiu de lá
seus olhos não tem brilho
faz um tempo
em um tempo

foi a morte da felicidade dentro de seu seio
e a angústia lhe presenteia todas as noites
suspiros fundos
olhos escuros
não sabem mais sorrir

assim foi
assim foi que ela partiu

08/11/2016

chuva


eu queria que você me deixasse
guerras sem fim
aqui mesmo do escuro
tão seguro
você disse adeus

escolha em suas palavras
a melhor forma de matar
mate 
sem misericórdia


som de chuva
vem das montanhas da tu coluna
ouço a batida que vem do teu peito
deixe-me entrar
novamente embebeço da tua agonia

é melhor correr de volta para casa
é melhor correr de volta...

esquecer, esquecendo
(sobreviver, sobrevivendo)

02/11/2016

A apresentação


Ponha-te
no palco
dance
grite
chore

Vazio
esmurra-se
silêncios
repita a dança
ninguém vê

Deita-te
enrole seus abraços em você
mesmo
abrace
abrace seu ego ferido

nas terras onde
heróis não são ninguém
vilões reinam
grandes majestades

a morte
se deu ao palco
sangue não tinha
apenas um burraco
em seu peito
a alma continua a dançar

no relampejar de sua mente
viu:
o show
tem que continuar

31/10/2016

Doce vinho


Uma luz se acende na terceira janela do segundo andar. Havia uma planta repousando na beirada, o girassol me apontava a luz onde brotou. Imaginei a mulher que morava lá, ela deve estar sem sono para ligar a TV, será que o trabalho está muito sobrecarregado? ou é problema de amor? Ela estava usando sua pantufa colorida, um pijama amarelo e os cabelos amarrados. Eu sei quem ela é?

Lembro quando meu primeiro namorado me dizia que eu era sonhadora demais, sentia demais. Depois eu tentei calar minha boca e minha mente para agradar os artifícios alheios. Estava explodindo por dentro, era a fuga de mim mesmo. Mil perdões, só sei ser o que sou. Compreendi ao longo da vida que não adianta amputar sentimentos, crenças, jeitos por pessoas que não te amam de volta. É a moda de sofrer sem razão, ainda bem que sempre fui brega. Aquela mulher de cabelos loiros e olhos arregalados no segundo andar ainda não aprendeu isso. Eu bebo um vinho que acabei de comprar num supermercado e rastejo memórias mortas só para lembrar. As pessoas a minha volta conversam com felicidade na boca e tristeza nos olhos, a bebida precisa matar suas dúvidas e amores.

Tragam-me uísque, cerveja ou mais vinho. Tragam-me révolvers, cordas ou espadas. Que comece a luta noturna contra minha mente, que comece mais uma noite de insônia. Um brinde a mim, um brinde a Helena, Maria ou Celina seja lá qual for o nome da moça sentada naquela janela olhando pra mim, no segundo andar.

28/04/2016

viva simplesmente

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Hoje quando acordei esperava um dia normal, lavar a cara, tomar café, ler e ajudar nas tarefas de casa. Um dia normal costuma passar rápido, resolvendo problemas ali, trabalhando aqui, quando percebemos as 24 horas escorregaram de nossas mãos. O tempo corre. Para alguns, desperdiçar tempo é um grande pecado, apoiam a ideia de que devemos aproveitar a vida, ver o mundo, viajar com a mochila nas costas, fazer acontecer. Para outros o tempo não passa de um ponteiro que nos orienta. Eu sou os dois, afinal o tempo é só um ponteiro mesmo, o que fazemos com ele é que se torna magico.

Ficar neurótico com essas coisas é "perder tempo". Em um momento atrás, ficava pensando na minha estupida perca de tempo, passava horas planejando coisa que iriam "mudar minha vida", acabou que não fiz nada que planejei. Sustento a ideia de que o tempo é diferente para cada um, essas 24 horas podem ser eternizadoras ou velozes.

Trabalhar, ter uma família, passar dias e dias na mesmice, é a escolha de muitos, e não é que seja mais fácil que pegar uma mochila e acampar pelo mundo, muito pelo contrario. Fincar raízes é muito mais difícil. Lidar com rotina e com pessoas, na maioria das vezes, submissas ao egoismo é uma tarefa complicada. Ter uma vida em que o tempo não passa de um ponteiro rápido é algo comum, porém difícil.

Devemos aproveitar nossas vidas, sem indagar coisas mesquinhas. Deveríamos nos lambuzar de coisas simples, nos despir da soberba e andar com pés descalços na polidez de nossa alma. Hoje, enquanto passava de moto pela cidade, avistei um casal de velhinhos, mãos dadas andando pelas ruas, um sustentando o outros na plenitude do tempo. As pessoas passavam por eles e viam o que qualquer "normal" via. Eu, externizadora de loucura, vi a simplicidade da vida, me questionei sobre o tempo e fiz esse texto. Aqueles velhinhos me mostraram que tudo é questão de deixar ir, deixa o tempo pra lá, viva simplesmente, simplesmente viva. Faça do seu dia, o melhor dia da sua vida.

13/04/2016

2. Anotações sobre a vida

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As pessoas vivem procurado felicidade
mas afinal, o que felicidade?
acredito que cada um tenha sua própria definição de felicidade
uns veem em dinheiro, mansões, carros
outros no café da manhã, na chuva, em uma conversa

felicidade não tem raízes
não está só numa pessoa

ela é tão incrivel e simples
pode nasce em qualquer lugar

Vivemos buscando felicidade
buscamos tanto que acabamos nos cegando, nos perdendo
a felicidade não se acha,
só acontece
mas é você que deve saber reconhece-la ou não

08/04/2016

malmequer

eu não te amo
não te odeio
mas não gosto de ficar longe de você

gosto do seu sorriso
apesar de rir igual um bode

gosto dos seus lábios
macios e quentes

gosto do teu abraço
me sinto protegida pelos melhores muros

gosto de te ouvir
até mesmo os assuntos mais loucos

eu gosto de você
eu não amo você
não o amo
não
fim


05/04/2016

nuvens de Abril

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quando as minhas mãos gelarem
meu coração irá sentir sua falta
para meu mundo infeliz
eu aguardo um dia de chuva

estou em um momento da vida em que
o coração se torna porcelana
e são muitas quedas para aguentar
quebra-lo se torna um fato impiedoso

ao vento que traz agonia
eu rezo calada
pedindo calmaria em minha mente
os joelhos cansaram
mas a graça sempre chega

olhos de seda
me aponte um rio
deixe-me navegar para o sul
enquanto observo as velhas casas de Gefyra queimarem
cervos correm em desespero
pela floresta

para meus medos
para os monstros que se põem em minha cama
aponto-lhes minha arma vermelha
toco-lhes com meus dedos cristalinos
fujam correndo
eu sou seu fim

01/04/2016

ver o clarão

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Acorde
olhe pela janela
monstros lutam ferozes 
pela sua pele
pela sua mente

Levantamos
de um mundo tão bonito
caímos em uma armadilha
não chore

Eu sei que parece assustador
apenas segure minha mão
eu estarei sempre com você

Os gatos do beco sem saída
pedem nossos nomes
gritamos o silêncio
parece que eles entenderam o recado
eles entendem
temos os mesmos coração e figado 

Erga sua espada
caminhe
é escuro aqui dentro
mas conseguimos enxergar
conseguimos ver o clarão 

Continue
vigiada pelos vaga-lumes
segure-se firme
tenho certeza que podemos tudo
nunca desistiremos
vamos(?)

30/03/2016

caótico

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caos
desnorteada em meio de tantas perguntas
minha cabeça gira e gira
será que sou a única que senti isso?
é um quebra-cabeça sem fim

concluí que minha vida é igual o meu quarto
roupas para lavar jogadas no canto
lembranças embrulhadas no álbum estão envelhecendo
minha cama esta desarrumada
e não ligo para nada disso
acho que deveria começar a me importar com isso

eu olho o horizonte mar
o vento balança meus cabelos
me vejo desanuviada,
pela primeira vez em anos
eu sou a única que pode enfrentar tudo isso
não importa quanto tempo leve

caos
estalou-se
em mim


25/03/2016

desesperança

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"PULE
AGORA
para que esperar?
a dor pode acabar aqui mesmo
tudo vai embora quando seus ossos se quebrarem
toda angustia absorvida
se perderá nesse mundo
e ninguém vai se importar

APERTE
AGORA
seu dedo treme tanto
aperte esse gatilho
exploda seus miolos e esqueça
seja livre como aquelas borboletas de verão
sua alma merece
seu coração não aguenta mais

AGORA
faça um belo corte nesse seu pulso
deixe os demônios irem
admire o teto enquanto o sangue se esvai de seu corpo

AGORA
suba naquele teto e se pendure por uma corda
a corda lhe prenderá o pescoço
e vai ficar como sempre foi
prendendo-lhe os sentimentos sufocados na garganta
morrerá com eles

é melhor assim
todos passam a maior parte da vida olhando o próprio nariz
ninguém liga no que o outro pensa ou sente
todos são adestrados para isso
"vamos todos juntos salvar o mundo"
ninguém liga pro mundo
dane-se

foda-se seus sentimentos
foda-se essa sua esperança

viva por si mesmo
morra por si mesmo"

L.M. 17
causa da morte: desesperança.

17/03/2016

eu tento, eu juro que tento

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TENTO
mas você, meu bem
me deixa esperando muito
parece que estou lutando sozinha

você, que tá fazendo?
querido
cansei de regar amor em terra morta
cansei de sobreviver de teu carinho inseguro

eu estou perdida em mim
quero desistir
ao mesmo tempo
insisto no que me cabe
tento com minhas forças
tento
e acabo quebrada

quero me segurar em tuas mãos
sem medo de cair
quero apostar tudo em você
mas tenho medo
ainda não consigo te sentir inteiro

08/03/2016

Para Leila

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Querida Leila, ainda sinto saudade. Lembra quando me deitava sobre você e contava suas pintas? Pois é, eu lembro daqueles dias com tanto amor que falto transbordar. Eu ainda te amo, ouso a pensar que você, Leila, é meu único amor, desde vidas distantes. Aquela tarde de domingo, preparamos juntos o almoço, depois passamos a tarde deitados em sua cama cantando música antiga e nos beijando, foi ali que me encantei ainda mais por você. Seu vestido azul rodado, tirei de seu corpo com mãos famintas e tu fez o mesmo comigo, seu beijo ainda faz arder meu estomago.

Leila, você sabe que fiz tudo que pude, mas seu espirito é livre e o meu desaprendeu a tempos de voar. Sei que antes de desistir tu tentou de tudo, fez o que fez para o amor durar, eu sei. Entendo. Porém você sabe que meus sentimentos são tão fortes que não consigo controla-los, eles dominam minha vida, os controlei por você e agora que foste embora, eles me engoliram.

Ver teus olhos sem espirito me faz querer morrer, teus lábios perderam aquele vermelho que nem precisava de batom, seu seio não consegue controlar o sangue, tu já se foi. Olhou nos meus olhos e eu consegui sentir a morte te buscar.  Eu não queria, eu juro, sabes que sou homem de palavra, os monstros não me deixam em paz. A arma ainda está em minha mão, não quero ir embora. Deitada em teu cálido amor, parece-me tão bela quanto antes. Deixo-me cair em teu lado e posiciono a arma em minha cabeça confusa e barulhenta, uma só é suficiente, é isso minha querida, te encontro em qualquer lugar por aí.

Aquele que sempre te amou,
Adeus.

07/03/2016

a rua é nossa, sabia menino?

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Nós dois
dançando
cantando
no meio
no centro
você me faz
faz sentir melhor
como?

alma
alarmante
eu gosto
do teu cheiro
da tua voz
me leve ao alto
sentir o vento
enquanto o sangue
esfria

me jogue
pra dentro do teu mundo
num segundo
eu sinto
teu amor acalma
embalando a alma
simples

a gente
ainda
dança
canta
nessa rua
testemunha
de algo que ainda
desconhecemos
é algo nosso
talvez banal
ou fatal

25/02/2016

Pérfido

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Quase me afoguei em seu amor embaraçado
me senti perdida, fingindo que estava bem
eu parei de respirar por alguns segundos
o coração se partiu em muitos pedaços
que não davam de segurar
tu ficastes a admirar

Pérfido
seu tecido de cetim ainda brilhava ao longe
ainda conseguia enxergar os rastros da lama em que nadei
não adianta cobrir com água pura
no fundo, sei que tu é traiçoeiro, é movediço

ainda consigo ver seus olhos cintilando sobre meu rosto
cubra essa sua boca infestada de estilhaços
quem bebe do mel acaba desprezando seu fel
doçura vicia mas também engana

Não tente fingir-se de cego
arrancou-lhe o coração porque quis
não me culpe
quem desaba no fim é o fraco
e isso eu sei que não sou
sou oceano
tu, mísero engano

22/02/2016

Moça do 412

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Moça, mude essa estação de rádio
a vida mudou muito nesses últimos dias
teu coração mudou de cor
e tudo bem
sentimento é uma montanha russa
tudo fere quando saímos da gaiola

Ó moça, comece a seguir seus conselhos
coloque seu tênis velho
e vá mostrar teu sorriso pro mundo
merecemos

Moça, a vontade de cair é plena
então aguente
mesmo quando for irresistível
desistir 

Moça, ponha a arma no chão
ainda não provou a doçura da vida
não se acostume com a amargura
é só o clímax da vida

16/02/2016

> florando debaixo do sol

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Assim que chego na faculdade um amigo vem e me fala: - Juh você tá muito mais linda, sem brincadeira. Acho que o cara não sabe o que fez, mas ele acaba de criar um monstro que tem poder de destruir tudo por aí (bicha, a senhora é destruidora mesmo). Brincadeiras à parte, o caso é que durante esses meses, depois que passei pela dor de cotovelo mais eterna impossível, venho mudado bastante. Até meus amigos viram isso, dizem que antes era como um dia nublado e agora sou como um sol. Em parte agradeço ao cara da dor de cotovelo, também agradeço ao  Luba do Luba TV que não conheço pessoalmente mas que o tenho como uma melhor amigo, foi com ele que aprendi a ser AMAZING e ignorar o que os outros pensam. Aquela garota gótica suave que sofria por tudo e todos se transformou na borboleta mais estabanada sem medo de ser feliz.
Tem uma coisa que aprendi com Deus que levarei para toda a vida: o amor. Ame a si mesmo depois ame o próximo, assim saberá como o outro deverá ser tratado. O meu problema era que eu amava mais o outro do que eu mesma, eu gostava de flagelos sentimentais, mas eu não mereço isso, não sou obrigada a ver importância no pensamento alheio, me tornei nível profissional em ignora os que me fazem mal.
Como nada são flores, alguns respingos ainda caem em mim, porém ao amanhecer depois de lembrar dos que me trazem alegria, dos meus amigos, da minha família, lembrar até da ferida que tenho no braço graças as quedas do dia mais incrível que guardo e também dos meus cachorros, nada me deixa no chão, eu sou feita para levantar. Não deixe os dementadores absorverem sua lembranças, lance o seu patrono e seja feliz.

Créditos na imagem

03/02/2016

alto demais

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alto demais
o garoto cai de seu sonho
foi num pesadelo que se esqueceu de acordar
não achou saída
derramou-se dentro de si

pobre garoto
seu pai é um homem esforçado
faz de tudo para sua família não ter fome
pai, a fome não estar no estomago
é o coração desgraçado
as emoções passam, mas esse coração fica mastigando as migalhas
realmente, pobre garoto

"Alex, saia da beirada
calce suas botas e vá ajudar sua mãe."
os gritos eram alarmes que o despertavam do sonho
o garoto não ouvia mais esses gritos
saltou
quis viver para sempre na terra do nunca

Alex
pobre garoto
o grito de seu pai o despertou quando era tarde demais

não deu tempo de sentir os ossos quebrando
ou perfurando seus pulmões e o coração
tudo que pesava se foi com um suspiro
o mar levou o resto

Pobre Alex
somente o mar lhe amou

29/01/2016

foi o que senti hoje

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Mamãe, eu não quero voltar cedo para casa
desculpe, mas aquela menina se foi
gostei do gosto da bebida e dancei com desconhecidos
sentir o cheiro deles ... é esplêndido
Ah! aprendi palavras novas com o cara do bar
professor de letras sem coragem de escrever seu livro
"ideias não valem nada presas na caixa"
foi o que vi hoje

Mamãe, lembra do dia que não cheguei em casa cedo?
era que as mãos dele não queriam que eu partisse
gostei do gosto daqueles beijos, foram os meus primeiros
então, me desculpe se quis viver minha vida
Sabe? Eu sei da dor do mundo
você mal sabe, mas já senti essa dor
você pode saber que vou quebrar a cara, mas deixe reconhecer
asas foram feitas pra voar
foi o que aconteceu naquele dia

Mamãe, eu realmente sou perdida
mas me dê uma chance de mostrar que aprendi a andar sozinha
me desculpe pelos erros
só queria que tu enxergaste aqui no buraco escuro
Mamãe, hoje sou aquele passarinho que quer voar
estou fazendo o possível
tudo o que quero é que tenha orgulho de mim
é isso que eu corrôo sempre
então já sabe, se eu demorar, não fique apreensiva
eu estou bem!

28/01/2016

Mudar faz parte


Assim que cheguei na casa da minha avó meu primo olha nos meus olhos e fala - Nossa, você tá diferente. Me senti tão feliz por aquelas palavras, entusiasmada por terem notado minha mudança que nem sequer eu tinha percebido. Me vi no espelho e comecei a observar meu rosto, minha pele está mais branca, as espinhas deram um tchau e o óculos reflete a luz do quarto. E por dentro eu não sei, não tenho um espelho dentro de mim, acho que as pessoas são meu espelho pois são elas que me mostram através de seus olhos como eu faço elas se sentirem. Posso dizer que mudei minhas atitudes, estou tão estabanada quanto antes, faz um tempão que não choro por pessoas reais, (ou seja, continuo chorando MUITO quando assisto Sempre ao seu lado e Toy Story 3) aprendi a me amar e finalmente me conheci, foi um grande prazer.

Mudanças são inevitáveis, sem saber, acontece bem no nosso nariz. Nos últimos meses conheci pessoas maravilhosas e diferentes que me fizeram enxergar outros caminhos, conheci o amor, descobri como é a dor de um coração partido e soube que coração partido não é uma metáfora, porque, cara, doe de verdade. Agora eu sorrio com a boca aberta e bem alto, gosto de ver a reação das pessoas. É estranho lembrar que eu tinha medo de sorrir, o que as pessoas pensam não afetam mais meus nervos. Mas aquela garota estranha e tímida está ainda mais estranha e nem tanto tímida.

Depois de pensar tudo isso durante uma hora, sorrio de canto e me sinto mais leve. Eu ainda tenho medo dos meus pensamentos e o quanto meu coração pode enganar, mas minhas forças são maiores que o medo.

08/01/2016

> Susanne Sundfør

 link

Gostaria de compartilhar minha nova paixão que é ouvir essa voz maravilhosa em conjunto desses ritmos hipnóticos. Conheci Susanne essa semana e me senti tão leve ouvindo suas músicas, ainda não pesquisei sobre ela, mas o sentimento passado em cada verso é muito intenso. Não podemos explicar em palavras o que aspiramos ao ouvir uma música, mas sentimos algo tão forte que aquele som reflete algo em nossa alma e esse som passa a ser A música. No meu caso, A música é Fade Away. Enfim, vou deixar aqui as três músicas que mais amei:

Silencer

Delirious

Fade Away


Feels like I'm falling apart
I'm falling apart, ever so slowly [...]

01/01/2016

doce bailarina

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ela se esconde atrás do armário da cozinha
e esperou os lobos devorarem a caça
correu para um mundo preto e branco
nada fazia sentido em sua volta
parece que está em constante deterioramento

olhando em volta
a floresta tremia
suas mãos ansiavam por calor
acho que ainda não estava pronta para se levantar
admirou calada as raízes das plantas
e o sol brilha lá fora

tapou seus olhos, caminhou em terras desconhecidas
dormiu nos abraços e desconfiou dos passos que ele dava
mergulhou no oceano se afogando
nadando cada vez mais fundo
talvez sua tristeza dure muito tempo, ela continua

com uma bailarina dançando na penteadeira
a música que dançou para o amor da sua vida
ela preferiu dançar sozinha no seu quarto azul
os fantasmas aplaudiram em silêncio

no fim do espetáculo
ela corre em direção a porta
e continua caminhando pela floresta